domingo, 28 de junho de 2020

DEPOIS DAQUELES DIAS



Depois daqueles dias,
A vida foi diferente,
A ninguém se olhou impunemente,
Nada mais foi como antigamente,

Depois daqueles dias,
Uma morte a menos era a alegria,
A vida se comemorou como alforria,
E o monstro aos poucos desaparecia,

Depois daqueles dias,
Não havia mais fronteira,
O mundo só tinha uma bandeira,
E a vida era a melhor maneira,

Depois daqueles dias,
A desigualdade foi entendida,
A pobreza foi combatida,
E a fome foi vencida,

Depois daqueles dias,
Houve encontro de almas,
E respeito a todas as faunas,
E heróis que receberam palmas,

Depois daqueles dias,
A nova ordem se fez,
A floresta se refez,
E qualquer vida teve vez,

Depois daqueles dias,
O contato era especial,
Olho no olho era essencial,
E o abraço divinal.



quarta-feira, 20 de maio de 2020

TEU PESADELO

Vitral de tristeza,
Tua casa
Assombrada!
Fantasmas flutuantes,
Minha imagem!

Mar de tormenta,
Tua mesa
Cirúrgica!
Imagens flutuantes,
Meu Fantasma!

PONTO MÁXIMO

Meu ponto máximo, 
É teu universo, 
Hedonisticamente 
In-verso! 
Eu-cli-dês! 
Teus pés! 
Hercúleo falo...
Te calo! 
Tua boca lá
E eu cá!

TEAR

Indi-visível veste vê-se, 
Álibi teu! 
Volta e retorna à Penélope... 
Ulisses mentiroso... Pescador! 
Desfiz o tear, 
Aquele das letras do meu pomar! 
Ilusão marítima, um homem a mar!


REPRISE DE AGUADEIRO

Flui do teu salar,
Deserto de Aguadeiro,
Chuva seca no mar,
Alaga mundo inteiro!
É prata de luar,
Que venta devaneio...
- Teu olhar!

quarta-feira, 13 de maio de 2020

DIVINDADE


Sob os pés do equlibrista,
Repousa a lógica,
Da visão ótica,
A linha tênue do hedonista!

Pendurado à simbiótica,
Estreita mágica,
De queda trágica,
Matéria fina, até robótica,

Imantado brilho venusiano,
De pés alados,
Finos talhados,
Tampouco formam, um Deus humano!

DOIS DRAGÕES

Vi dois dragões de fogo,
Zingrando o rio,
No crepúsculo do meu véu,
Acima de um arranha-céu
Na linha do horizonte!

E podia-se ver ao longe,
O pântano dos dragões,
Seu lugar, suas orações!

Matizes vermelhos,
De chamas flamejantes,
Nos espelhos d'água,
Eram dois amantes!

De braços dados,
Corações alados,
Dois dragões gigantes!

terça-feira, 12 de maio de 2020

Marisa Monte & Cesária Évora - É Doce Morrer no Mar

sábado, 9 de maio de 2020

Killing Me Softly With His Song | Roberta Flack | Lyrics ☾☀

Menino de Rua

Este poema foi vencedor em 1º lugar do Prêmio Nacional de Poesia pelos 101 anos da Academia Fluminense de Letras de 2018.

Um domingo comum, 
Era um dia normal,
E no chão restava um,
Em posição fetal!
Num pedaço de pano,
Um menino encoberto,
Como dorme todo ano,
Sempre a céu aberto!

Seguindo seus caminhos,
Pessoas passam por ele,
Como pássaros em ninhos,
Ninguém repara naquele!

No calçadão da praia,
O menino ali dormia,
Era mais uma vaia,
De tudo que corria...

E, em sonhos se perdia,
Dormindo assim simplesmente,
Nas lembranças, na alegria,
De uma imagem inconsciente!

E recostado no abrigo,
Era mais um cachorro,
Esperando seu amigo,
Que descia lá do morro!

E dorme o sonho dos justos,
O menino agora perdido,
No céu correto dos bustos,
Em mais um dia sofrido!

Sem escola, sem família,
Menino órfão, de rua,
Sozinho nesta ilha,
E os olhos fechando a lua!

MORTOS MITOS

Quantas belas Medusas eu encontrei?
O número de pedras que me tornei.
E de tantos Midas que dispensei,
De todo ouro que já toquei!
Quisera fossem os Olimpos que penetrei;
Paisagens lindas, celestes que me deixei!
Ou,
Os Abismos de Hades onde chorei?
De Hercúleos homens me apaixonei,
E parte deles eu conquistei...
A outra parte eu dominei;
E numa parte deles eu me incendiei!
Se eles pensam o mesmo, eu não sei!
Quimeras e muitos mitos eu já criei,
E alegrias normais sacrifiquei,
Penélope e Ulissses imaginei,
Eu, ele e um tear, que desmanchei!
E...
De todo O fantástico mundo que eu sonhei,
Restaram apenas ruínas, que derrubei!
O real, cru e cruel eu enxerguei:
E quis ser como a vida que sepultei,
E vi que é belo também, o que matei!
Ao nascer de novo, pro novo que retornei,
Sem mito ou lenda, é o que terei,
Insano, verdadeiro, ou fora da lei!
Não há Hidra ou herói que adorarei...
Do meu Delfos sem sal eu só serei,
A mulher comum, como a que eu sei!

quarta-feira, 6 de maio de 2020

ONTOPROJETO


Quando em ti me perco,
Te tenho,
Quando desapareces em mim,
Desenho!
Numa química volátil
Inflama a flama
Queima, explode,
Jorra a chama!
É um encaixe tângramico
Duas partes compatíves,
A peça tua, encontra a minha,
Como engranagens infalíveis!
Nossa engenharia é perfeita,
Um plano aberto, estruturado,
Cálculo de altura e efeito,
Um arranha-céu flexionado!

DRAMA

Impotente, paralítico, em coma;
Descrente, acrítico, sem alma;
Doente, epilético, na forma;
Paciente, analítico, em suma;
Ah! Esse amor!Está morrendo,
Está perdendo,
Todo o calor!
Um dia fora:
Potente, atlético, na forma;
Crescente, crítico, com alma;
Presente, prático, em suma;
Somente sádico, na cama!

MORTE


À espera iminente,
A dor pungente,
Um coma comovente,
Uma morte diferente!

É ver-se morrer;
E impotente ceder;
Um triste adoecer;
Uma bactéria com poder!

O tempo certo, é incerto,
O dia da partida em aberto,
Um calendário secreto,
Uma certeza, um acerto!

LEITURA


Te leio em tudo que se leia;
De coisa boa e até coisa feia;
É tudo literatura, volta e meia;
A poesia de uma aranha e sua teia:
De risco, rabisco e palavra alheia;
É um manjar, uma orgia, uma ceia;
Também é labirinto e cadeia;
Do que se ama e se odeia;
Um pouco de tudo que me norteia.

Hepathya

O poema abaixo foi um poema que me deu muita satisfação em escrevê-lo. Minha inspiração foi o filme Alexandria com a belíssima e talentosa atriz Rachel Weiss. Pesquisando a história de Hepathya descobri que foi uma figura muito além de seu tempo e que, os escritos de sua obra se foram juntos com a biblioteca de Alexandria. Este poema foi publicado na revista de filosofia Alegrar e consta na última página do periódico.

Estudos perfeitos em tempos difíceis,
Ideias ilógicas por medos e dogmas,
Santos malucos e Deuses incríveis,
Filósofos poucos, batalhas e normas.

Geométricas formas de eras passadas,
Arquivos secretos de bibliotecas perdidas,
Escritos guardados de Alexandrinas amadas,
Teorias ousadas de figuras caídas.

Sábias palavras de mulheres pensantes,
Conselhos partidos de almas simétricas,
Circulares elipses de teses errantes,
Teorias caladas por crenças herméticas.

Hepáticas múmias, as Helenas elípticas,
Mutiladas maneiras de mentes robóticas
Cristãs, judias, pagãs... vadias acríticas,
Frágeis objetos às futuras neuróticas.

Amores, amigos, ministros e Orestes,
Homens ouvintes e alunos sonhantes
Ferinos escravos e cuidados sem vestes
Feitos heróis, de Hepathya, os amantes!

Le Persone Grandi

Le persone grandi non sanno di esserlo.
Arrivano nella vita degli altri e la iluminano.
Hanno coraggio anche quando tremono di paura,
e vivono la vita sempre fino in fondo.
Sanno quello che dicono e parlono solo col cuore.
Cadono spesso e quando si rialzono sorridono.
Si perdono e si ritrovono perchè
hanno un rispetto incommensurabile per la vita.
Non si arrendono e sono tenaci senza dirlo.
Vincono e perdono con lo stesso candore.
Ti guardono e ti aiutano.
Le persone grandi le vedi da lontano...
Sonno in armonia col mondo che le porta sul palmo della mano.

MAPA


Como um gêiser rompe a terra,

Nas entranhas de fera.

Miragem de lago profundo,

Nao se sabe quanto é fundo.

Uma geografia complexa,

Tua leitura é convexa.

Está em tudo: no mar, na água, no vento...

As vezes fecha o tempo!

Tu és temporal e calmaria,

é lava, é fogo, é euforia...

NO FINAL

Triste fim, triste sim.

Triste é a dor, no fim.

Triste a vida, vivida enfim,

Triste tua vida sem mim!


Triste recomeço, que não conheço,

Triste o lance do arremesso,

Triste coisa sem avesso

Triste tudo que desconheço.


Triste de quem vai à deriva...

Triste morrer-nascer, reviva!

Triste de quem estiva,

Triste e bela a Diva.

FAZ TANTO TEMPO

Faz tanto tempo que não te vejo;
Faz tanto tempo que não te sinto;
Faz tanto tempo que não te beijo;
Que até esqueci!

Faz tanto tempo que não te lembro;
Faz tanto tempo que não te ligo;
Faz tanto tempo que não te escrevo;
Que até esqueci!

Faz tanto tempo que não te toco;
Faz tanto tempo que não te espero;
Faz tanto tempo que não te quero;
Que até esqueci!

A TI

A ti não resta mais texto,
nem inspiração;
Apenas o resto da desilusão.

A ti não resta mais amor,
nem carícias;
Apenas o furor das nossas malícias.

A ti não resta mais olhar,
ou lânguidez;
Apenas o cessar da insensatez.

A ti não resta mais o tudo,
de meu mundo;
Apenas o luto profundo.

Só a ti não resta!
O resto é saudade...

terça-feira, 5 de maio de 2020

Ritorno


Volto à terra.
Saio do teu Olimpo,
Caio no abismo, 
No frio da terra; 
No descampado 
Da guerra! 
Dia a dia de feras... 

Quando vem a noite,
Te lembro... 
E, em minha lânguidez, 
Como num sonho vens, 
E como num sonho vais, 
Distante, oceânico, 
É pura insensatez!

Ninna Nanna



                                                           

                                                              
                                                    Ninna nanna marinare
'Ngopp a varca, miezo o mare
Lo te parl e nun respunn 
Te si perze miez o suonn 
Te vurria magna' de vas
Ma ho paura e te sceta'
Cosi' guarde da luntane 
Co'stu core innammurat 
Quann aggia' spetta
D'averti questa sera
Co' sta luna chiena? 
Quann aggia' sogna' 
Di dirti quanto t'amo 
Co' stu' core 'man--ma tu-- 
Sogni qui nel blu... 

Ninna nanna marinare
Tu si bell comme o' mare
A vote calm, senza creste 
A vote tutta na' tempesta 
Ma tu suonn d'ate cose
E chissa se t'arricuord
Che tra a luna e mieze e stelle 
Lo…



Mr. Reader´s Poem



Se te decifro, me abres as portas de Corinto!

Se não; me comes, eu sinto!

O que pode ser pior? Labirinto?

De todo jeito, me capturas... Não minto!

É inebriante, absinto!

És a esfinge, o tabu, o instinto...

Cadente, sob a luz do sol, distinto!

Emblematicamente misterioso, retinto!